Seres misteriosos que fazem nascer um sentimento de curiosidade envolta em bruma e receio. Por um lado, um movimento frenético de cor e som (através dos chocalhos que transportam), mas com rostos diabólicos. Intimidantes. Assustadores.
Todos os anos, desde épocas que se perderam no tempo, os Caretos saem à rua nas festividades carnavalescas. A sua origem, conta-se, remonta a uma sociedade secreta que, sob o anonimato assegurado pelo disfarce, gozava de uma liberdade sem paralelo, com o poder de castigar, destruir, mas também de provocar, acariciar, exaltar os sentidos. Um mergulho na raiz profana e carnal. Acredita-se que os atos errantes dos Caretos seriam uma maneira de expurgar o mal e purificar a comunidade.
O verdadeiro motivo que move o Careto é apanhar raparigas solteiras para as ‘chocalhar’ (movimento simbolizando o acasalamento). Neste ritual, os trajes são passados de pai para filho, e restaurados, para que a sua utilização possa perpetuar-se no tempo.
E se antigamente eram apenas os rapazes solteiros que se vestiam de Caretos para ‘chocalhar’ as moças solteiras, nos dias de hoje, esta é uma tradição que estende para além da idade. E até para além do género.
A contribuição feminina tornou-se importante para a continuidade da tradição. Ao mesmo tempo, é um reflexo da contemporaneidade, quando a mulher passa a assumir papéis antes exclusivamente designados aos homens. É certo que para os mais puristas, esta mudança é encarada como um desvirtuamento do papel, mas na verdade a sua participação acompanha a crescente importância que a Mulher tem vindo a alcançar na sociedade ocidental.

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